quarta-feira, 17 de junho de 2015

Compreensão ( em filosofia)

ILOSOFIA

01- Considere a citação abaixo:
"Sócrates: Tomemos como princípio que todos os poetas, a começar por Homero, são simples imitadores das aparências da virtude e dos outros assuntos de que tratam, mas que não atingem a verdade. São semelhantes nisso ao pintor de que falávamos há instantes, que desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada entender de sapataria, para pessoas que, não percebendo mais do que ele, julgam as coisas segundo a aparência?"
Glauco - "Sim".
Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 1997. p.328.

Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre a mímesis em Platão, assinale a alternativa correta.

a) Platão critica a pintura e a poesia porque ambas são apenas imitações diretas da realidade.
b) Para Platão, os poetas e pintores têm um conhecimento válido dos objetos que representam.
c) Tanto os poetas quanto os pintores estão, segundo a teoria de Platão, afastados dois graus da verdade.
d) Platão critica os poetas e pintores porque estes, à medida que conhecem apenas as aparências, não têm nenhum conhecimento válido do que imitam ou representam.
e) A poesia e a pintura são criticadas por Platão porque são cópias imperfeitas do mundo das idéias.


02- Tendo por base o método cartesiano da dúvida, é correto afirmar que:

a) Este método visa a remover os preconceitos e opiniões preconcebidas e encontrar uma verdade indubitável.
b) Ao engendrar a dúvida hiperbólica, o objetivo de Descartes era provar que suas antigas opiniões, submetidas ao escrutínio da dúvida, eram verdadeiras.
c) A dúvida hiperbólica é engendrada por Descartes para mostrar que não podemos rejeitar como falso o que é apenas dubitável.
d) Só podemos dar assentimento às opiniões respaldadas pela tradição.
e) A dúvida metódica surge, no espírito humano, involuntariamente.


03- Leia o texto a seguir.
"Dado que todo súdito é por instituição autor de todos os atos e decisões do soberano instituído, segue-se que nada do que este faça pode ser considerado injúria para com qualquer de seus súditos, e que nenhum deles pode acusá-lo de injustiça".
Fonte: HOBBES, T. Leviatã, ou, Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 109.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o contratualismo de Hobbes, é correto afirmar:

a) O soberano tem deveres contratuais com os seus súditos.
b) O poder político tem como objetivo principal garantir a liberdade dos indivíduos.
c) Antes da instituição do poder soberano, os homens viviam em paz.
d) O poder soberano não deve obediência às leis da natureza.
e) Acusar o soberano de injustiça seria como acusar a si mesmo de injustiça.


04- "De acordo com a ética do Discurso, uma norma só deve pretender validez quando todos os que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes de um Discurso prático, a um acordo quanto à validez dessa norma".
Fonte: Habermas, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução de Guido A. de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989, p.86.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética do Discurso de Habermas, assinale a alternativa correta:

a) O princípio possibilitador do consenso deve assegurar que somente sejam aceitas como válidas as normas que exprimem um desejo particular.
b) Nas argumentações morais basta que um indivíduo reflita se poderia dar seu assentimento a uma norma.
c) Os problemas que devem ser resolvidos em argumentações morais podem ser superados apenas monologicamente.
d) O princípio que norteia a ética do discurso de Habermas expressa-se, literalmente, nos mesmos termos do imperativo categórico kantiano.
e) Uma norma só poderá ser considerada correta se todos os envolvidos estiverem de acordo em dar-lhe o seu consentimento.


05- Segundo Francis Bacon, "são de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam a mente humana. Para melhor apresentá-los, lhes assinamos nomes, a saber: Ídolos da Tribo; Ídolos da Caverna; Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro".
Fonte: BACON, F. Novum Organum. Tradução de José Aluysio Reis de Andrade. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 21.

Com base nos conhecimentos sobre Bacon, os Ídolos da Tribo são:
a) Os ídolos dos homens enquanto indivíduos.
b) Aqueles provenientes do intercurso e da associação recíproca dos indivíduos.
c) Aqueles que imigraram para o espírito dos homens por meio das diversas doutrinas filosóficas.
d) Aqueles que chegam ao espírito humano por meio de regras viciosas de demonstração.
e) Aqueles fundados na própria natureza humana.


06- Na segunda seção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant nos oferece quatro exemplos de deveres. Em relação ao segundo exemplo, que diz respeito à falsa promessa, Kant afirma que uma "pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: Não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: Quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedilo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá".
Fonte: KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 130.

De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a moral kantiana, considere as afirmativas a seguir:

I. Para Kant, o princípio de ação da falsa promessa não pode valer como lei universal.
II. Kant considera a falsa promessa moralmente permissível porque ela será praticada apenas para sair de uma situação momentânea de apuros.
III. A falsa promessa é moralmente reprovável porque a universalização de sua máxima torna impossível a própria promessa.
IV. A falsa promessa é moralmente reprovável porque vai de encontro às inclinações sociais do ser humano.

A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I e II
b) I e III
c) II e IV
d) I, II e III
e) I, II e IV


07- "Desde suas origens entre os filósofos da antiga Grécia, a Ética é um tipo de saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as ações dos seres humanos".
Fonte: CORTINA, A.; MARTÍNEZ, E. Ética. Tradução de Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Edições Loyola, 2000, p. 9.

Com base no texto e na compreensão da ética aristotélica, é correto afirmar que a ética:

a) Orienta-se pelo procedimento formal de regras universalizáveis, como meio de verificar a correção ética das normas de ação.
b) Adota a situação ideal de fala como condição para a fixação de princípios éticos básicos, a partir da negociação discursiva de regras a serem seguidas pelos envolvidos.
c) Pauta-se pela teleologia, indicando que o bem supremo do homem consiste em atividades que lhe sejam peculiares, buscando a sua realização de maneira excelente.
d) Contempla o hedonismo, indicando que o bem supremo a ser alcançado pelo homem reside na felicidade e esta consiste na realização plena dos prazeres.
e) Baseada no emotivismo, busca justificar a atitude ou o juízo ético mediante o recurso dos próprios sentimentos dos agentes, de forma a influir nas demais pessoas.


08- "Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os Gregos puseram a serviço do seu problema último - da origem e essência das coisas - as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram com as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e casual o reino dos mitos, fundado na observação das realidades aparentes do mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo."
Fonte: JAEGER, W. Paidéia. Tradução de Artur M. Parreira. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e filosofia na Grécia, é correto afirmar:
a) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina no Oriente sob o influxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia.
b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos, representando uma nova forma de pensamento plenamente racional desde as suas origens.
c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de forma gradual.
d) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma vez que o pensamento filosófico necessita do mito para se expressar.
e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que até hoje são objeto da pesquisa filosófica.


09- "E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar".
Fonte: Descartes, R. Discurso do Método. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 46.

Com base na citação acima e nos conhecimentos sobre Descartes, assinale a alternativa correta:

a) Para Descartes, é mais fácil conhecer o corpo do que a alma.
b) Descartes estabelece que a alma tem uma natureza puramente intelectual.
c) Segundo Descartes, a verdade da res extensa precede a verdade da res cogitans.
d) O eu penso, logo existo revela a perspectiva cartesiana em considerar primeiramente aquilo que é complexo.
e) A união da alma e do corpo revela que eles possuem a mesma substância.


10- "Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; pois, ainda que não levemos em conta a sua utilidade, são estimados por si mesmos; e, acima de todos os outros, o sentido da visão". Mais adiante, Aristóteles afirma: "Por outro lado, não identificamos nenhum dos sentidos com a Sabedoria, se bem que eles nos proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. Não nos dizem, contudo, o porquê de coisa alguma".
Fonte: ARISTÓTELES, Metafísica. Tradução de Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969, p. 36 e 38.

Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre a metafísica de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.

I. Para Aristóteles, o desejo de conhecer é inato ao homem.
II. O desejo de adquirir sabedoria em sentido pleno representa a busca do conhecimento em mais alto grau.
III. O grau mais alto de conhecimento manifesta-se no prazer que sentimos em utilizar nossos sentidos.
IV. Para Aristóteles, a sabedoria é a ciência das causas particulares que produzem os eventos.

A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I e II
b) II e IV
c) I, II e III
d) I, III e IV
e) II, III e IV


11- "Assim como a natureza ensinou-nos o uso de nossos membros sem nos dar o conhecimento dos músculos e nervos que os comandam, do mesmo modo ela implantou em nós um instinto que leva adiante o pensamento em um curso correspondente ao que ela estabeleceu para os objetos externos, embora ignoremos os poderes e as forças dos quais esse curso e sucessão regulares de objetos totalmente dependem".
Fonte: HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora UNESP, 1999, p.79-80.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria do conhecimento de Hume, assinale a alternativa correta:

a) Para Hume, o princípio responsável por nossas inferências causais chama-se instinto de autoconservação.
b) Entre o curso da natureza e o nosso pensamento não há qualquer correspondência.
c) Na teoria de Hume, a atividade mental necessária à nossa sobrevivência é garantida pelo conhecimento racional das operações da natureza.
d) O instinto ao qual Hume se refere chama-se hábito ou costume.
e) Segundo Hume, são os raciocínios a priori que garantem o conhecimento das questões de fato.


12- "A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: "Tudo é um". A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego".
Fonte: NIETZSCHE, F. Crítica Moderna. In: Os Pré-Socráticos. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 43.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre Tales e o surgimento da filosofia, considere as afirmativas a seguir.

I. Com a proposição sobre a água, Tales reduz a multiplicidade das coisas e fenômenos a um único princípio do qual todas as coisas e fenômenos derivam.
II. A proposição de Tales sobre a água compreende a proposição "Tudo é um".
III. A segunda razão pela qual a proposição sobre a água merece ser levada a sério mostra o aspecto filosófico do pensamento de Tales.
IV. O Pensamento de Tales gira em torno do problema fundamental da origem da virtude.

A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I e II
b) II e III
c) I e IV
d) I, II e IV
e) II, III e IV


13- "Em todos os juízos em que for pensada a relação de um sujeito com o predicado [...], essa relação é possível de dois modos. Ou o predicado B pertence ao sujeito A como algo contido (ocultamente) nesse conceito A, ou B jaz completamente fora do conceito A, embora esteja em conexão com o mesmo. No primeiro caso, denomino o juízo analítico, no outro sintético".
Fonte: KANT, I. Crítica da Razão Pura. Tradução de Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p.27.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a distinção kantiana entre juízos analíticos e sintéticos, assinale a alternativa que apresenta um juízo sintético a posteriori:

a) Todo corpo é extenso.
b) Todo corpo é pesado.
c) Tudo que acontece tem uma causa.
d) 7 + 5 = 12.
e) Todo efeito tem uma causa.


14- "Em suma, o que é a aura? É uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil identificar os fatores sociais específicos que condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos movimentos de massas. Fazer as coisas "ficarem mais próximas" é uma preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibilidade".
Fonte: BENJAMIN, W. "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica". In: Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre Benjamin, assinale a alternativa correta:

a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra de arte perdeu sua aura.
b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte perderam sua qualidade aurática.
c) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a distância e a transcendência dos objetos artísticos.
d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a reprodutibilidade técnica.
e) O declínio da aura não tem relação com as transformações contemporâneas.


15- Karl Popper, em "A lógica da investigação científica", se opõe aos métodos indutivos das ciências empíricas. Em relação a esse tema, diz Popper: "Ora, de um ponto de vista lógico, está longe de ser óbvio que estejamos justificados ao inferir enunciados universais a partir dos singulares, por mais elevado que seja o número destes últimos".
Fonte: POPPER, K. R. A lógica da investigação científica. Tradução de Pablo Rubén Mariconda. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p.3.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre Popper, assinale a alternativa correta:

a) Para Popper, qualquer conclusão obtida por inferência indutiva é verdadeira.
b) De acordo com Popper, o princípio da indução não tem base lógica porque a verdade das premissas não garante a verdade da conclusão.
c) Uma inferência indutiva é aquela que, a partir de enunciados universais, infere enunciados singulares.
d) A observação de mil cisnes brancos justifica, segundo Popper, a conclusão de que todos os cisnes são brancos.
e) Para Popper, a solução para o problema do princípio da indução seria passar a considerá-lo não como verdadeiro, mas apenas como provável.


16- "Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. [...] Ao príncipe torna-se necessário, porém, saber empregar convenientemente o animal e o homem. [...] Sendo, portanto, um príncipe obrigado a bem servir-se da natureza da besta, deve dela tirar as qualidades da raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra os laços, e a raposa, contra os lobos. Precisa, pois, ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Os que se fizerem unicamente de leões não serão bem-sucedidos. Por isso, um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir".
Fonte: MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1993, cap, XVIII, p.101-102.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre O Príncipe de Maquiavel, assinale a alternativa correta:

a) Os homens não devem recorrer ao combate pela força porque é suficiente combater recorrendo-se à lei.
b) Um príncipe que interage com os homens, servindo-se exclusivamente de qualidades morais, certamente terá êxito em manter-se no poder.
c) O príncipe prudente deve procurar vencer e conservar o Estado, o que implica o desprezo aos valores morais.
d) Para conservar o Estado, o príncipe deve sempre partir e se servir do bem.
e) Para a conservação do poder, é necessário admitir a insuficiência da força representada pelo leão e a importância da habilidade da raposa.


17- "E justiça é aquilo em virtude do qual se diz que o homem justo pratica, por escolha própria, o que é justo, e que distribui, seja entre si mesmo e um outro, seja entre dois outros, não de maneira a dar mais do que convém a si mesmo e menos ao seu próximo (e inversamente no relativo ao que não convém), mas de maneira a dar o que é igual de acordo com a proporção; e da mesma forma quando se trata de distribuir entre duas outras pessoas".
Fonte: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da versão inglesa de W. D. Ross. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 89.

De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a justiça em Aristóteles, é correto afirmar:

a) É possível que um homem aja injustamente sem ser injusto.
b) A justiça é uma virtude que não pode ser considerada um meio-termo.
c) A justiça corretiva deve ser feita de acordo com o mérito.
d) Os partidários da democracia identificam o mérito com a excelência moral .
e) Os partidários da aristocracia identificam o mérito com a riqueza.


18- "A passagem do estado de natureza para o estado civil determina no homem uma mudança muito notável, substituindo na sua conduta o instinto pela justiça e dando às suas ações a moralidade que antes lhe faltava. E só então que, tomando a voz do dever o lugar do impulso físico, e o direito o lugar do apetite, o homem, até aí levando em consideração apenas sua pessoa, vê-se forçado a agir, baseando-se em outros princípios e a consultar a razão antes de ouvir suas inclinações".
Fonte: ROUSSEAU, J. Do contrato social. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p.77.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o contratualismo de Rousseau, assinale a alternativa correta:

a) Por meio do contrato social, o homem adquire uma liberdade natural e um direito ilimitado.
b) O homem no estado de natureza é verdadeiramente senhor de si mesmo.
c) A obediência à lei que se estatui a si mesmo é liberdade.
d) A liberdade natural é limitada pela vontade geral.
e) Os princípios, que dirigem a conduta dos homens no estado civil, são os impulsos e apetites.


19- "Ora, nós chamamos aquilo que deve ser buscado por si mesmo mais absoluto do que aquilo que merece ser buscado com vistas em outra coisa, e aquilo que nunca é desejável no interesse de outra coisa mais absoluto do que as coisas desejáveis tanto em si mesmas como no interesse de uma terceira; por isso chamamos de absoluto e incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo e nunca no interesse de outra coisa".
Fonte: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Nova Cultural, 1987, 1097b, p. 15.

De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a ética de Aristóteles, assinale a alternativa correta:

a) Segundo Aristóteles, para sermos felizes é suficiente sermos virtuosos.
b) Para Aristóteles, o prazer não é um bem desejado por si mesmo, tampouco é um bem desejado no interesse de outra coisa.
c) Para Aristóteles, as virtudes não contam entre os bens desejados por si mesmos.
d) A felicidade é, para Aristóteles, sempre desejável em si mesma e nunca no interesse de outra coisa.
e) De acordo com Aristóteles, para sermos felizes não é necessário sermos virtuosos.


20- De acordo com seu conhecimento sobre a ética de Spinoza, é correto afirmar:

a) A necessidade não se aplica às ações livres do homem.
b) O homem virtuoso procura agir com compaixão.
c) A felicidade é o prêmio da virtude, pois a ação virtuosa tem como recompensa a felicidade.
d) Quanto mais um homem se esforça por preservar o seu ser, mais ele é virtuoso.
e) O homem é mais livre na solidão, pois aí ele só obedece a si mesmo.


GABARITO:
1D
2A
3E
4E
5E
6B
7C
8C
9B
10A
11D
12A
13B
14C
15B
16E
17A
18C
19D
20D
  

terça-feira, 9 de junho de 2015

Gramática. Imprima, coloque nome. Entregue.

Morfossintaxe - Exercícios

1. Na oração: “Foram chamados às pressas todos os vaqueiros da fazenda vizinha”, o núcleo do sujeito é:

a) todos;

b) fazenda;

c) vizinha;

d) vaqueiros;

e) pressas.

2. Assinale a alternativa em que o sujeito está incorretamente classificado:

a) chegaram, de manhã, o mensageiro e o guia (sujeito composto);

b) fala-se muito neste assunto (sujeito indeterminado);

c) vai fazer frio à noite (sujeito inexistente);

d) haverá oportunidade para todos (sujeito inexistente);

e) não existem flores no vaso (sujeito inexistente).


3. Em “Éramos três velhos amigos, na praia quase deserta”, o sujeito desta oração é:

a) subentendido;

b)  composto e determinado;

c) indeterminado;

d) inexistente;

e) simples e determinado.


4. Indique a única frase que não tem verbo de ligação:

a) o sol estava muito quente;

b) nossa amizade continua firme;

c) suas palavras pareciam sinceras;

d) ele andava triste;

e) ele andava rapidamente.


5. Considere a frase: “Ele andava triste porque não encontrava a companheira”, os verbos grifados são respectivamente:

a) transitivo direto - de ligação;

b) de ligação - intransitivo;

c) de ligação - transitivo - indireto;

d) transitivo direto - transitivo indireto;

e) de ligação - transitivo direto.


6. “O toque dos sinos ao cair da noite era trazido lá da cidade pelo vento”. O termo grifado é:

a) sujeito;

b) objeto direto;

c) objeto indireto;

d) complemento nominal;

e) agente da passiva.


7. Na oração “Mestre Reginaldo, o impoluto, é uma sumidade no campo das ciências” - o termo grifado é:

a) adjunto adnominal;

b) vocativo;

c) predicativo;

d) aposto;

e) sujeito simples.


8. Na expressão: “por todos era apedrejado o Luizinho”, o termo grifado é:

a) objeto direto;

b) objeto indireto;

c) sujeito;

d) complemento nominal;

e) agente da passiva.

9. Dentre as orações abaixo, uma contém complemento nominal. Qual?

a) Meu pensamento é subordinado ao seu.

b) Você não deve faltar ao encontro.

c) Irei à sua casa amanhã.

d) Venho da cidade às três horas.

e) Voltaremos pela rua escura ...

10. Em “a linguagem do amor está nos olhos” – os termos grifados são respectivamente:

a) complemento nominal e predicativo do sujeito;

b) adjunto adnominal e predicativo do sujeito;

c) adjunto adnominal e objeto direto;

d) complemento nominal e adjunto adverbial;

e) adjunto adnominal e adjunto adverbial.

11. “Diga ao povo que fico” é um período:

a) simples;

b) composto por coordenação;

c) composto por subordinação;

d) composto por coordenação e subordinação;

e) composto de três orações.


12. Confiamos no futuro Desconhecemos as coisas do futuro. Temos confiança nofuturo

- Nas expressões acima, os termos grifados funcionam respectivamente, como:

a) objeto indireto; adjunto adnominal; complemento nominal;

b) objeto indireto; complemento nominal; objeto indireto;

c) objeto indireto; objeto indireto; complemento nominal;

d) objeto direto; adjunto adnominal; objeto indireto;

e) objeto direto; sujeito; complemento nominal.

13. O predicado é nominal em:

I - Você acha Cristina bonita, mamãe?

II - O mundo podia ser tranquilo.

III - “Zé Mané” não estava embriagado.

IV - O guarda noturno permanece atento a todos os perigos.

V - Os transeuntes ficaram assustados.

a) I - II - III;

b) II - III;

c) II - IV;

d) III - IV - V - II;

e) I - II - IV.

14. Em: “Bebe que é doce, papai” – a palavra grifada funciona como:

a) sujeito;

b) aposto;

c) vocativo;

d) adjunto adverbial;

e) adjunto adnominal.

15. Só muito mais tarde vim, a saber, que a chuva os ___________ na estrada e que não _________ ninguém que ______________.

a) detera; houve; os ajudasse;

b) detivera; houve; os ajudasse;

c) detera; teve; ajudasse eles;

d) detivera; houve; ajudasse eles;

e) detivera; teve; os ajudasse.


16. Se ele _________, não ___________ de rogado, ___________ que não os receberei.

a) vir – te faças – diz-lhe

b) vier – te faz – diz-lhe

c) vir – te faça – dizer-lhe

d) vier – te faças – dize-lhe

e) ier – te faças – diga-lhe

17. “Ele ___________ o carro a tempo, mas não ____________ a irritação e ___________ - se com o outro motorista”.

a) freou – conteve – desaveio

b) freiou – conteu – desaveu

c) freou – conteve – desaviu

d) freiou – conteve – desaveio



18. Assinale a frase em que há um erro de conjugação verbal:

a) Requeiro-lhe um atestado de bons antecedentes.

b) Ele interviu na questão.

c) Eles foram pegos de surpresa.

d) O vendeiro proveu o seu armazém do necessário.

e) Os meninos desavieram-se por causa do jogo.



19. – Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.


1. Correu demais, ... caiu.

2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.

3. A matéria perece, ... a alma é imortal.

4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com detalhes.

5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.


a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto

b) por isso, porque, mas, portanto, que

c) logo, porém, pois, porque, mas

d) porém, pois, logo, todavia, porque

e) entretanto, que, porque, pois, portanto

20. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração sublinhada pode indicar uma idéia de:

a) concessão
b) oposição
c) condição
d) lugar
e) consequência

21- Determine o valor semântico das conjunções: adição, oposição, escolha, conclusão, explicação, causa, comparação, condição, concessão.
a) Não só conversa como também atrapalha os colegas.
b) Faça estes exercícios, pois fazem parte da matéria da prova.
c) O sol demorou a surgir, por isso fomos à praia mais tarde.
d) Eram idéias interessantes, porém ninguém concordou com elas.
e) Não cumpriu sua promessa; ficamos, portanto, desapontados com sua atitude.
f) Como é estudioso sempre sai na frente.
g) Vocês são mais estudiosos que os outros
i) Caso vá à festa, avise-me.
j) À proporção que estuda mais aprende.



22. Observe as frases abaixo:
1. O perigo de desabamento está próximo.

2. No levantamento da população de São Paulo houve distorções.

3. Na repartição das armas, a presença do furriel é importante.

4. Toda espécie de contrabando de drogas deve ser repreendido.



Os vocábulos grifados equivalem respectivamente a:

a) iminente, censo, seção e tráfego.

b) iminente, censo, seção e tráfico.

c) eminente, senso, cessão e tráfico.

d) eminente, senso, sessão e tráfego.



23. Quanto à paronímia, assinale a alternativa correta:

a) O meu pai sempre foi um pião de fábrica, um líder no lar, um homem justo.

b) Diante de minha sólida argumentação, só restou ao tenente diferir meu requerimento.

c) Tive gana de provocar um prejuízo vultuoso na firma. Afinal, era um bom tesoureiro.

d) Não o cria tão insensível quanto parecia. A discrição impunha-lhe tenaz

responsabilidade.



24. A alternativa que representa o par de orações em que ocorre o mesmo caso de

homonímia é:

a) O alfaiate coseu bem o terno. / O marido cozeu o feijão.

b) Cerraram todas as portas durante a greve. / Serraram as madeiras.

c) A aluna foi descriminada pela sua falta. / Os colegas a discriminaram.

d) Ele passou-lhe um cheque sem fundo. / Deu-lhe um xeque no jogo de xadrez.

e) Tudo ocorreu antes, como havíamos previsto. / Quando estou com fome, como

qualquer coisa.



25. Assinale a alternativa em que a associação está correta:
I. Deus fez a luz; depois criou a natureza e, finalmente, formou o homem.
II. Se quiseres vencer na vida, cultiva a paciência e segue a lei do Amor.
III. Sabemos que o homem chegou à Lua.
IV. Com aquela viagem, queria ter uma visão ampla sobre a situação do Brasil no mundo atual.

A- Período composto por coordenação.
B- Período composto por subordinação.
C- Período simples.

D- Período composto por coordenação e subordinação.

( )I-A; II-B; III-C; IV-D

( )I-B; II-A; III-D; IV-C

(X )I-A; II-D; III-B; IV-C

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Crianças, gatinhos e patinhos. Luiz Felipe Pondé

EXERCÍCIOS DE REDAÇÃO

Escreva em itens as principais críticas feitas por Pondé.

O mundo fica a cada dia mais ridículo. Hoje, para provar essa tese, darei três exemplos de ideias equivocadas que assumem ares de coisa séria.
Duas delas vêm da pedagogia, das escolas de crianças, um dos campos em que o absurdo tomou conta das pessoas. As escolas viraram laboratórios de "experiências" em muitas áreas. Em vez de ensinar as capitais dos Estados e dos países, querem ensinar as crianças como elas devem se sentir (o que é "correto" sentir) diante das coisas. Muita dessa gente nem tem "moral" para pregar para os outros. Não confio em ninguém que posa de "correto".
Vamos ao primeiro exemplo. Tenho ouvido falar que em muitas escolas virou costume fazer um dia em que meninos vão vestidos de meninas e meninas vão vestidas de meninos.
O mundo fica a cada dia mais ridículo. Hoje, para provar essa tese, darei três exemplos de ideias equivocadas que assumem ares de coisa séria.
Duas delas vêm da pedagogia, das escolas de crianças, um dos campos em que o absurdo tomou conta das pessoas. As escolas viraram laboratórios de "experiências" em muitas áreas. Em vez de ensinar as capitais dos Estados e dos países, querem ensinar as crianças como elas devem se sentir (o que é "correto" sentir) diante das coisas. Muita dessa gente nem tem "moral" para pregar para os outros. Não confio em ninguém que posa de "correto".
Vamos ao primeiro exemplo. Tenho ouvido falar que em muitas escolas virou costume fazer um dia em que meninos vão vestidos de meninas e meninas vão vestidas de meninos.
Na cabeça desse povo, esse dia deve ser dedicado ao combate à violência de gênero. O que esses professores não sacam é que um pedido desse para crianças é em si uma violência de gênero e uma covardia, levando-se em conta que são crianças e que não têm como se defender dos delírios de teóricos bobos. E o pior é que pais inteligentinhos acham essa bobagem a última palavra em "ética". Risadas?
Outro dia ouvi de um menino de sete anos da classe C que sua professora pensava que ele era uma travesti porque tinha dito na classe que no dia X os meninos deviam ir vestidos de meninas e vice-versa. Mas, como ele não era uma travesti, recusou-se a ir vestido de mulher e me falou: "Eu não fui porque não sou travesti".
Veja, isso nada tem a ver com travestis adultos ou o direito de o ser (que julgo inquestionável, do ponto de vista do contrato democrático em que vivemos). Isso tem a ver com taras teóricas de professoras autoritárias que infernizam a vida das crianças com suas ideias descabidas.
Digamos de uma vez por todas: ninguém entende patavina de sexualidade. Mas ficou na moda dizer que entende.
Imagino que a autoritária de gênero, a professora desse menino (e de outros tantos e tantas), veja preconceito na fala dele. Eu vejo nessa professora a alma totalitária típica desses comissários do bem social. Uma praga que infesta as escolas e o mundo como um todo.
O mundo está cheio desses comissários, uma espécie de gente mandona que atormenta os outros com suas taras teóricas.
A verdade é que o mundo sempre foi um poço de loucuras, taras e incoerências. Por que agora passamos a achar que basta se dizer a favor do bem social e essa pessoa está a salvo de ser um obcecado qualquer exercendo suas taras teóricas sobre crianças que não têm como se defender diante dessas bobagens? E o pior é que muitos psicólogos abraçam essa baboseira.
O segundo exemplo também vem da educação: a decisão de mudar letras de músicas como "atirei o pau no gato" para coisas como "não atirei o pau no gato", a fim de fazer com que as crianças não maltratem os gatinhos. Crianças, na sua maioria esmagadora, sempre amaram gatinhos. Mas crianças não são anjinhos e, quando o são, são doentes. Por que psicólogos, pedagogos e pais se unem numa prática ridícula como essa? Ninguém mais quer ter filhos, e os poucos que têm os torturam com essas ideias bobas.
Duvido que músicas assim nos façam amar mais os gatinhos, assim como acredito que existam veganos infames e carnívoros malvados no meio da humanidade. Penso mais que músicas assim visam apenas satisfazer a tara teórica de algum pedagogo ou psicólogo que, em vez de estudar a sério, fica embarcando em modinhas. É mais um exemplo de comissários do bem social.
Esses caras devem achar que assim não existirão mais guerras no mundo e não precisaremos mais matar seres vivos para viver. Eis os famosos idiotas do bem.
E, por último, a terceira ideia: os mandões que querem nos proibir de comer foie gras em nome do bem dos patinhos. Adoro patinhos. A forma de produzir foie gras é mesmo feia. Mas, pergunto-me: quem ou o que esses santos contra o foie gras torturam por trás das cortinas?
Aposto que a mesma moçada que chora por gatinhos e patinhos não chora por bebês abortados. Interessante esse cruzamento de (in)sensibilidades, não? 


1 - ''O mundo fica a cada dia mais ridículo''.

Substitua a metonímia em 'mundo' por uma palavra que lhe dê um sentido denotativo.

sábado, 4 de abril de 2015

Vários

Leia com atenção o trecho a seguir para responder às questões de 1 a 3

            Desinformar, ensina o dicionário, "é informar mal; fornecer informações inverídicas".
Empregada como arma de guerra, a desinformação significa trabalhar a opinião pública de modo que esta, chamada a decidir sobre ideia, pessoa ou evento, ajuíze conforme o querer do desinformador.
            Não se trata de novidade. É recurso tão antigo quanto os conflitos. Porém, no Brasil, raramente foi tão hábil e eficientemente engendrada e utilizada como em 1932 em favor do Governo Provisório. Contribuiu para circunscrever o âmbito da Revolução Constitucionalista, inamistá-la (hostilizar) em várias áreas do país e para favorecer a mobilização destinada a enfrentá-la.
            Gente simples, recrutada ao norte e ao sul, entrou na luta acreditando combater estrangeiros que tendo se apoderado do controle econômico de S. Paulo, buscavam empalmar(tomar posse ou domínio de) o mando político. Isso fariam ajudados por alguns paulistas antigos, egoístas, rancorosos, vingativos, intencionando fazer do Estado um país independente, hostil(que manifesta inimizada, própria de inimigo) às áreas e às classes empobrecidas do Brasil. Os intrusos e os separatistas DISFARÇARIAM seus propósitos com o reclamar convocação de assembleia constituinte. Uns e outros deveriam ser combatidos sem piedade.
(Hernâni Donato. "Desinformação, arma de guerra em 1932", DO Leitura, São Paulo, 11(33), junho de 1933").

1. Quem são, segundo o Governo Provisório, os dois inimigos a serem combatidos?
_______________________________________________________________________________
2. O que significa, e a quem se refere, no contexto, a expressão ISSO FARIAM?
__________________________________________________________________________
3. Dada a tese do autor de que o Governo Provisório desinformava, como devem ser interpretadas as ocorrências do futuro do pretérito, especialmente FARIAM e DISFARÇARIAM?
__________________________________________________________________________
Leia atentamente o seguinte poema de Ângelo de Lima para responder às questões de 4 a 5.

1          Para-me de repente o pensamento
2          Como que de repente refreado(1)
3          Na doida correria em que levado
4          Ia em busca da paz do esquecimento

5          Para surpreso, escrutador,(2) atento
6          Como para um cavalo alucinado
7          Ante um abismo súbito rasgado.
8          Para e fica, e demora-se um momento.
9          Para e fica, na doida correria
10        Para à beira do abismo, e se demora.
11        E mergulha na noite escura e fria
12        Um olhar de aço, que essa noite explora.
13        Mas a espora da dor seu flanco(3) estria,
14        E ele galga e prossegue sob a espora...
("Revista Sudoeste", Lisboa N.3, 1935, p.4)
1.contido, reprimido; 2. investigador, pesquisador; 3. cada um dos lados do corpo, dos quadris aos ombros.

4. Nesse poema, opõem-se o movimento desenfreado para a frente e o refreamento. Identifique um verso em que esses dois temas se encontrem reunidos.
_______________________________________________________________________________
5.Explique por que o pensamento nesse poema, é comparado a um "cavalo alucinado". Com base nisso, identifique o "abismo" à beira do qual o pensamento pára e se demora.
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Leia o poema a seguir e responda às questões de 6 a 8

            Maria Diamba
1          Para não apanhar mais
2          falou que sabia fazer bolos:
3          virou cozinha.
4          Foi outras coisas para que tinha jeito.
5          Não falou mais:
6          Viram que sabia fazer tudo,
7          até molecas para a Casa-Grande.
8          Depois falou ,
9          diante da ventania
10        que vinha do Sudão;
11        falou que queria fugir
12        dos senhores e das judiarias deste mundo
13        para o sumidouro.
(Jorge de Lima, "Poemas Negros")
                       
6. Descreva a personagem a que se refere o poema. Cite algumas passagens do poema que justifiquem sua resposta.
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7. O poema narra a história desta personagem. Que palavra(s) marca(m) no poema a evolução desta história?
_______________________________________________________________________________
8. Os versos 8 e 10 apresentam duas novas atitudes da personagem diante de si e da história. Identifique-as.
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Leia o poema a seguir para responder às questões de 09 a 11

Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem estar que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.

Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.

Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.

Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.

Mas ao menos a ele alguém o via.
Ele era fixo, eu, o que vou.
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.

(Álvaro de Campos,"Poesias")

09. Identifique duas marcas formais que, no poema acima, contribuem para criar a idéia de monotonia.
__________________________________________________________________________
10. Do ponto de vista do "eu lírico", que fato quebra essa monotonia?
__________________________________________________________________________
11. Qual a consequência, para o "eu lírico", da quebra dessa monotonia? Justifique sua resposta.
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__________________________________________________________________________

Texto para as questões de 12 a 15
São Paulo Amarelece

            A cidade de São Paulo está com luzes novas. Volta ao passado com lâmpadas amarelas de província. São Paulo não podia parar. A vertigem do crescimento nos enobrecia. Que progresso era esse? Que nos prometiam os arranha-céus? Que nos prometiam esses dedos de Deus, cidades imensas, luzes e janelas douradas?
            Hoje essas massas de ferro e cimento nos provocam romantismo quando as luzes as mancham com tintas rubras no asfalto molhado, com um rasgo de azul sobre uma vitrine. Por que o coração se enche de ardor quando vagamos pela cidade vazia, se sabemos que de perto crueldade?
            É o sonho do século 19 que não queremos que se esvaneça (desaparecer, extinguir-se). Queremos manter a ideia de que o futuro nos salvará da solidão. As cidades são o desenho do sonho que tivemos de que o mundo nos acolheria. As cidades eram o nosso orgulho e SP foi a metáfora juscelinista da chegada em algum lugar.
            Mas a cidade que visava nos proteger começou a nos atacar como uma fera viva. Nela viramos vultos em fotografias. No entanto, basta tirar a brutal luz de mercúrio que corremos todos a amar a paisagem. Por que tal pressa em esquecer o mal que nos fazia?
            A cidade talvez seja mesmo um ato de amor e de busca. Talvez a cidade, mesmo fria, mesmo navalha nua, mesmo corredores de lâmina, seja o monumento abandonado de nosso antigo sonho de solidariedade.
            A cidade parece uma árvore. Tem da árvore o mesmo gesto de buscar luz. Quando vemos uma cidade como a nossa, sem natureza, sem mar, sem céu, mesmo assim temos secreto orgulho de construtores.
            Talvez seja isto: vendo a cidade, sentimos carinho por nossa estúpida aventura humana, por esta gratuidade a que fomos condenados. Isto explica o que acontece em nosso coração quando cruzamos a Ipiranga com a Av. São João.
(Arnaldo Jabor, "Folha de S. Paulo", 18/08/91, p. 1-1)

           
12. Analise o modo como o autor reage ante as dificuldades que encontra para viver na grande cidade.
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____

13.Nos quatro primeiros parágrafos de seu texto, Arnaldo Jabor refere-se a uma mudança no aspecto físico da cidade que, segundo ele, provoca uma mudança no modo de seus habitantes sentirem a própria cidade. Partindo desta observação, responda:

a) a que mudança física se refere o autor?
____________________________________________________________________________
b) que tipo de reação afetiva provoca essa mudança nas pessoas?
___________________________________________________________________________

14.Em sua crônica, Arnaldo Jabor não crê expressar apenas uma opinião pessoal, mas a dos demais cidadãos. De que recurso, de ordem gramatical e estilística, se serve o autor para causar essa impressão no leitor? Exemplifique sua resposta com pelo menos uma passagem do texto.
____________________________________________________________________________

"Queremos manter a idéia de que o futuro nos salvará da solidão."
"Talvez a cidade (...) seja o monumento abandonado de nosso antigo sonho de solidariedade."
15.Jabor focaliza um aspecto da vida na grande cidade. Comente a esse respeito, identificando o problema levantado pelo autor.
___________________________________________________________________________

Texto para a questões  16.

            Na luta contra a Aids defrontam-se os rigorosos, que exigem respeito aos princípios preventivos básicos e corretos, contra os complacentes(1). Aqueles exaltam o valor do relacionamento sexual responsável, o combate efetivo à toxicomania e a adequada seleção de doadores de sangue. Os outros preconizam(2) coisas mais agradáveis, como por exemplo o emprego desbragado(3) e a doação gratuita de camisinha, a distribuição de seringas com agulhas a drogados e a perigosa, além de problemática, lavagem delas com água sanitária. Agora, os permissivos(4), que não estão obtendo qualquer vitória, pois a doença afigura-se cada vez mais difundida, ganharam novo aliado: o Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN), que concordou com o fornecimento de seringas e agulhas, sem ônus(5), aos viciados. Portanto, esse órgão público associou ilegalidade à complacência.
(VICENTE AMATO NETO, médico infectologista, Painel do Leitor, Folha de S. Paulo, 18/09/94)
1. gentil, amável, benevolente; 2. recomendar, preconizar, aconselhar; 3.aquele que se comporta de maneira a agredir à descência; 4.que permite; 5.carga, peso, encargo.

16.A carta acima fez referência a uma proposta polêmica do CONFEN (Conselho Federal de Entorpecentes): o fornecimento gratuito de seringas e agulhas a viciados em drogas injetáveis.
a) Caso você concorde com a proposta da CONFEN, escreva uma carta ao Dr. Vicente Amato Neto, procurando convencê-lo de que ela pode de fato contribuir para evitar a disseminação do vírus da Aids.

b) Caso você discorde dessa proposta, escreva uma carta ao presidente da CONFEN, procurando convencê-lo de que ela não deve ser posta em prática.
Ao desenvolver sua redação, além de expor suas opiniões, você deverá necessariamente levar em consideração a coletânea a segui,rTextos para as questões de 01 a 1.         Graças a uma legislação liberal, a maior cidade Suíça (Zurique) criou uma área especial - Letten, uma estação de trens desativada - onde é possível comprar e usar heroína emplena luz do dia. (...) Desde 1992, quando os junkies* se mudaram da Platzpitz, uma praça no centro da cidade, para Letten, o consumo não para de crescer - um fato atestado pelas 15.000 seringas descartáveis distribuídas diariamente na velha estação. A única vantagem é que a distribuição reduziu o ritmo de disseminação da Aids.
[*junkies: termo inglês que significa drogados.]


(O pico à luz do dia, VEJA,

2.         Em nosso país, exige-se o diploma para que alguém aplique injeção endovenosa,(que se aplica no interior da veia) porque pessoas não treinadas criam perigosas situações para si ou para outros, ao realizar inoculações(incerir). Fornecer agulhas e seringas a pessoas não habilitadas para seu uso é como dar ucarro a menores de idade, ou uma arma a quem não sabe utilizá-la. Isso é pelo menos indesejável para a sociedade, além de ser ilegal. No caso, a ilegalidade se tornaria incontrolável, pois o distribuidor dos medicamentos e agulhas seria o próprio Estado.
A proposta de um programa como esse não leva em conta a realidade, causando desperdício de recursos precários. Tais propostas são feitas por pessoas que nunca viram, de fato, como funciona uma "roda", provavelmente dirigentes sem formação médica e sem assessoria adequada (sociológica etc). Não é difícil adivinhar que se trata de um plano que beneficia vendedores de agulhas e seringas e burocratas de escritório, não tendo qualquer consequência para a epidemia da Aids.
[*roda: prática, comum entre drogados, que consiste no uso de uma mesma seringa por várias pessoas.]
(Adaptação de VICENTE AMATO NETO & JACYR PASTERNAK, 'A doação de seringas e agulhas a drogados', O ESTADO DE S. PAULO, 05/09/94)

3.         Drogas injetáveis em Nova York, A distribuição de seringas para usuários de drogas pode diminuir pela metade a taxa de propagação do vírus da Aids neste grupo de risco. A conclusão é de uma pesquisa realizada na Universidade John Hopkins, de Nova York, que envolveu 22 mil pessoas em vários bairros nova-iorquinos.(...)
            Antes do programa, uma seringa era emprestada, alugada ou vendida em média 16 vezes nos bairros onde foi feito o controle. O programa reduziu este número em quatro vezes.
            Existem 200 mil usuários de metade deles infectados com o vírus da Aids.
(Programa corta em 50% taxa de infecção de HIV, "Folha de S. Paulo", 02/11/94)

4.         [No futuro, pagaremos] caro pela ignorância e irresponsabilidade do passado. Acharemos inacreditável não havermos percebido em tempo, por exemplo, que o vírus da Aids, presente na seringa usada pelo adolescente da periferia para viajar ao paraíso por alguns instantes, infecta as mocinhas da favela, os travestis na cadeia, as garotas da boate, o meninão esperto, a menina ingênua, o senhor enrustido, a mãe de família e se espalha para a multidão de gente pobre, sem instrução de higiene. Haverá milhões de pessoas com Aids, dependendo de tratamentos caros e assistência permanente. (...)
(DRAUZIO VARELLA, 'A era dos genes', "Veja 25 anos" - Reflexões para o futuro, 1993)

01.As duas cartas acima são de leitores expressando suas opiniões sobre o episódio de agressão ao governador de São Paulo em manifestação de professores em greve.  O veículo de publicação de cartas - o jornal - impõe um limite de espaço para os textos.
Em função desse limite de espaço, os dois textos apresentam como traço comum:
a) combate a pontos de vista de outros leitores
b) construção de comprovações por meio de *silogismos
c) expressão de opinião sem fundamentos desenvolvidos
d) escolha de assunto segundo o interesse do editor do jornal
*raciocínio dedutivo estruturado formalmente a partir de duas proposições, ditas premissas, das quais, por inferência, se obtém necessariamente uma terceira, chamada conclusão (p.ex.: "todos os homens são mortais; os gregos são homens; logo, os gregos são mortais")

02.Em geral, esse tipo de carta no jornal busca convencer os leitores de um dado ponto de vista.
Por causa dessa intenção, é possível verificar que ambas as cartas transcritas se caracterizam por:
a) finalizar com perguntas *retóricas para expressar sua argumentação
b) iniciar com considerações gerais para contestar opiniões muito difundidas
c) utilizar orações de estruturação negativa para defender a posição e outros
d) empregar estruturas de repetição para reforçar ideias centrais da argumentação
* a arte de bem argumentar; arte da palavra

03.O fragmento que expõe a tese de cada uma das cartas, respectivamente, pode ser identificado em:
a) " conhecemos nossos governantes" / "Quando o ministro vai achar que foram transpostos os limites do tolerável?"
b) " não conhecíamos ainda nossos manifestantes" / "a última manifestação transpusera os limites do tolerável"
c) "Nada justifica a agressão física" / "Mas os demais cidadãos brasileiros não merecem?"
d) "É esse o papel de um educador?" / "Primeiro foi uma paulada no governador de São Paulo"

04.Pela leitura da carta de Arthur Costa da Silva, é possível afirmar que as perguntas nela presente têm o seguinte significado:
a) questionar as atitudes dos políticos brasileiros
b) apontar falhas no discurso de autoridades brasileiras
c) propor uma reflexão acerca da atitude dos agressores
d) mostrar solidariedade ao comportamento dos manifestantes

(...) "Num país como o Brasil, onde se costumava identificar superioridade intelectual e literária com *grandiloquência e requinte gramatical, a crônica operou milagres de simplificação e naturalidade, que atingiram o ponto máximo nos nossos dias."
(Antonio Cândido)
* modo afetado de se expressar, que abusa de palavras pomposas, rebuscadas
           
05.Assinale a alternativa correta.
a) O autor afirma ser o Brasil um país culto, que despreza a crônica pela sua simplicidade.
b) Segundo o texto, os leitores convivem com naturalidade com o vocabulário opulento e a sintaxe rebuscada dos autores clássicos.
c) De acordo com o texto, a crônica ajudou o leitor brasileiro a deixar de considerar superior uma obra literária apenas pela erudição do vocabulário e a complexidade gramatical.
d) Depreende-se do texto que a crônica é um gênero literário "menor", devido à sua simplicidade.
e) A partir do texto, conclui-se que a crônica é um mal para a literatura: sendo simples, afasta o leitor das obras sérias.

Quem dá as condições para a escolha? Todos podem realmente escolher o que desejarem? O nordestino, vítima da seca e do proprietário das terras, realmente "escolhe" vir para o sul do país? Escolhe viver na favela? O peão metalúrgico "escolheu" livremente fazer horas-extras depois de 12 horas de trabalho? A menina grávida que teme as sanções da família e da sociedade "escolhe" fazer um aborto?
(Marilena Chauí)

I - "Todos os homens são livres por natureza e (...) exprimem essa liberdade pela capacidade de escolher entre coisas ou entre situações dadas.
II - "A definição da liberdade como igual direito à escolha é a IDEIA burguesa da liberdade e não a realidade histórico-social da liberdade."
III - "A ideologia é o resultado da luta de classes e (...) tem por função esconder a existência dessa luta."
IV - "Os homens (...) são desiguais por natureza e por talento, (...) ou por desejo próprio, isto é, os que honestamente trabalham enriquecem e os preguiçosos empobrecem."

06.Aponte a alternativa que indica ondecoerência de ponto de vista entre os trechos numerados e o texto anterior.
a) I e II.  b) II e III.         c) III e IV.         d) apenas a III.         e) apenas a IV.

TRAGÉDIA BRASILEIRA (Manuel Bandeira)

            Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.
            Conheceu Maria Elvira na Lapa - prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
            Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo o que ela queria.
            Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
            Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
            Viveram três anos assim.
            Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
            Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato. Inválidos...
            Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

07.Aponte a alternativa correta em relação ao texto.
a) Há um sujeito que, em disjunção com as necessidades básicas da vida, deixa-se manipular "de corpo e alma" por outro, que detém o poder.
b) Há um sujeito que, confundindo as relações de afeto com as relações de propriedade, tem o seu crime apresentado sem atenuantes no último verso.
c) Há um sujeito que, desesperado pela falta de amor, não poupou esforços nem perdão para aquela que teria sido sua eleita, se tivesse tido a competência para amar.
d) Há um sujeito que, por ser verdadeiramente generoso, amante e nem um pouco egoísta, retarda a sanção ao traidor.
e) Há um sujeito que pode ter a imagem trocada no último verso, por meio da leveza e do lirismo sugeridos pela roupa com que é apresentado.

NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(Carlos Drummond de Andrade)

I - A repetição, nesse poema, é expediente, de expressividade, pois enfatiza o obstáculo.
II - O obstáculo configura-se maior que o próprio poeta, ferindo-lhe a vista pelo cansaço.
III - A repetição, nesse poema, constitui uma redundância viciosa, isto é, não traz nenhuma informação nova.
IV - Por meio de cada repetição, o poeta vai-se mostrando vencido pelo obstáculo.
V - O cansaço é tamanho, que se afrouxa a censura gramatical e justifica-se a troca do verbo "haver" pelo "ter" no sentido de "existir".
VI - "Uma pedra", termo com a função sintática de sujeito, pela exagerada repetição, desqualifica o texto, que acaba produzindo o efeito de brincadeira absurda.

08.Aponte a alternativa correta sobre a relação do texto com as afirmações anteriores.
a) Estão corretas apenas as afirmações I, II, IV e V.
b) Está correta apenas a afirmação III.
c) Está correta apenas a afirmação VI.
d) Estão corretas apenas as afirmações IV e VI.
e) Estão corretas todas as afirmações.

Texto para as questões de 9 a 14
A FUGA (Fernando Sabino)

            Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.
            - Para com esse barulho, meu filho - falou, sem se voltar.
            Com três anos, sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, estava empurrando uma cadeira.
            - Pois então pára de empurrar a cadeira.
            - Eu vou embora - foi a resposta.
            Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as num pedaço de pano, era sua bagagem: um caminhão de plástico com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da despensa? a mãe mais tarde irá saber), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.
            A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente o pai olhou ao redor e não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
            - Viu um menino saindo desta casa? - gritou para o operário que descansava diante da obra, do outro lado da rua, sentado no meio-fio.
            - Saiu agora mesmo com uma trouxinha - informou ele.
            Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro.
            A trouxa, arrastada no chão, ia deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e - saíra de casa prevenido - uma moeda de um cruzeiro. Chamou-o mas ele apertou o passinho e abriu a correr em direção à avenida, como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia à distância.
            - Meu filho, cuidado!
            O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a esquerda, os pneus cantaram no asfalto.
            O menino, assustado arrepiou carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como um animalzinho:
            - Que susto você me passou, meu filho - e apertava-o contra o peito comovido.
            - Deixa eu descer, papai. Você está me machucando.
            Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas:
            - Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai.
            - Me larga. Eu quero ir embora.
            Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala - tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave, como ele fizera com a da despensa.
            - Fique quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando.
            - Fico, mas vou empurrar esta cadeira.
            E o barulho recomeçou.

09. O título do texto introduz, como ponto central:
a) uma dificuldade.     b) uma exigência.    c) um relacionamento.   d) uma ação. e) um preconceito.

10.O texto tem como narrador:
a) um observador que narra em terceira pessoa.    b) um narrador-personagem.
c) um narrador-onisciente.                                    d) um observador que narra em primeira pessoa.
e) um personagem que se analisa e recorda.

11.A palavra "Fuga" pode ser igualmente empregada em diferentes situações. Qual delas corresponde à do texto?
a) fuga no tempo.   b) fuga na literatura.    c) fuga no sonho.  d) fuga no espaço.   e) n.d.a.

12.As palavras entre travessões, "saíra de casa prevenido", revela, no texto, um narrador:
a) preocupado.       b) irônico.        c) despreocupado.        d) alegre.        e) triste.

13. "...juntava ação às palavras" significa:
a) falava: abrAÇÃO, aviAÇÃO, corAÇÃO.
b) catava AÇÃO para pôr na trouxinha.
c) misturava o final ação com outras palavras.
d) agia ao mesmo tempo que falava.
e) não sabia formar palavras.

14. As frases "...não estava fazendo barulho, estava empurrando a cadeira" e "...onde diabo meteram a chave da despensa?" correspondem, respectivamente a:
a) discurso direto e discurso indireto.
b) discurso indireto e discurso direto.
c) discurso direto e discurso direto.
d) discurso indireto e discurso indireto.
e) n.d.a.

Quando eu estava na escola médica de Boston, tive a sorte de fazer parte de um pequeno grupo de estudantes que se reuniu informalmente com um célebre cardiologista, homem na casa dos oitenta anos. Num dado momento, um dos estudantes comentou com certa apreensão que as doenças cardíacas eram a causa número um de morte nos Estados Unidos. O velho professor pensou sobre isso por alguns instantes e depois replicou: "O que é que você preferia ter como causa número um de morte?"
            [David Ehrenfeld, "A Arrogância do Humanismo"]

15.A réplica do sutil professor ao estudante sugere que
a) a especialização do saber aprimora a visão de conjunto.
b) o avanço tecnológico nem sempre implica humanização.
c) a fixação no poder da ciência faz esquecer seus limites.
d) a modernização apressada costuma obrigar a recuos.
e) a pesquisa perseverante contorna os maiores obstáculos.

Por não sabermos quando morreremos,
achamos que a vida é inacabável
Mas algumas coisas acontecem de vez em quando.
Poucas, aliás.
Quantas vezes você vai se lembrar de uma certa
tarde da infância, uma tarde que faz tão parte
de você, que não imagina a sua vida sem ela?
Mais quatro ou cinco vezes.
Possivelmente, nem isso.
Mais quantas vezes vai ver a lua cheia?
Umas vinte, talvez.
Ainda assim, tudo parece ilimitado.
(Bernardo Bertolucci)

16.De acordo com o texto:
a) o homem se desespera por não saber quando morrerá.
b) o mais importante na vida é ter boas lembranças.
c) uma única boa lembrança pode tornar a idéia da morte aceitável.
d) o homem jamais se conscientiza da brevidade da vida.
e) uma infância feliz faz pensar que a vida é ilimitada.

O homem é frívolo e preconceituoso porque sempre julga os outros apenas pelas aparências. É como ir ao mar e limitar-se a ficar boiando na superfície que, apesar de não oferecer perigos, é cheia de detritos. Para alcançar os mais lindos corais e as mais raras espécies marinhas, será preciso vencer o medo e lançar-se às profundezas.

17.De acordo com o texto:
a) a falta de respeito à natureza por parte do homem faz dele um ser desprovido de bons sentimentos.
b) as relações humanas seriam mais verdadeiras e valiosas, se os homens buscassem sempre a essência de seus semelhantes.
c) o mergulhador é elitista porque não desfruta da praia como os demais.
d) a frivolidade e o preconceito transformam o homem em um ser solitário.
e) a frivolidade é a causa da atração dos seres humanos pelos corais.

Sábias são as pessoas que fazem suas próprias leis, quando sabem que estão com a razão.

18.De acordo com o texto:
a) as regras estabelecidas devem ser respeitadas.
b) as regras estabelecidas nunca devem ser respeitadas.
c) a sabedoria consiste em viver de acordo com as normas.
d) a sabedoria e a razão tornam as pessoas felizes.
e) a sabedoria consiste no bom senso e na liberdade.

Enquanto o isolamento se refere apenas ao terreno político da vida, a solidão refere-se à vida humana como um todo. O governo totalitário, como todas as tiranias, certamente não poderia existir sem destruir, através do isolamento dos homens, as suas capacidades políticas. Mas o domínio totalitário, como forma de governo, é novo no sentido de que não se contenta com esse isolamento e destrói também a vida privada. Baseia-se na solidão, na experiência de não se pertencer ao mundo, que é uma das mais radicais e desesperadas experiências que o homem pode ter.
(Hannah Arendt)

19.Assinale a alternativa correta, de acordo com o texto.
a) O governo totalitário é exatamente igual a todas as tiranias.
b) O governo totalitário é a mais cruel das tiranias, porque, além de isolar o homem politicamente, também destrói sua vida privada.
c) O isolamento é pior do que a solidão.
d) Isolamento e solidão são sinônimos.
e) O isolamento é a mais desesperada experiência que o homem pode ter.

Leia este trecho do texto:
A engenharia genética poderá criar espécies de plantas e animais. Resta saber se as diferenças genéticas entre as populações humanas não podem intensificar-se e ser manipuladas para fins de suposta eugenia e predomínio racial, para não falarmos da criação de seres híbridos, com resultados imprevisíveis na bioesfera.

20.Nesse trecho, o recurso argumentativo utilizado consiste em
a) apresentação e explicação de conceitos.
b) contraste entre diferentes abordagens.
c) enumeração de fatos que se contradizem.
d) levantamento de hipótese e seus desdobramentos.